POETAS



Manuel Rodrigues de Oliveira Marcelino (Manel Pedro)
"Poema aos emigrantes"

Torre, os teus homens vão p´ra França,
Mas, é bem triste, a hora da despedida...
E tudo deixam, os seus lares e seus filhinhos...
Vão trilhar outros caminhos, vão à procura da vida!

Barracas de Champigny, que vivem dentro de ti,
Dois olhos que me dão pena...
Meu amor não venhas tarde, deixa essas terras de Marne...
E as águas do Rio Sena.

Vão solteiros e casados, vão bem ou mal instalados,
Seguem o rumo do norte...
Vão por estradas de asfalto e outros seguem de assalto...
Entregues à sua sorte.

Oh moças da minha terra, da vida da primavera,
Junto da tua mamã...
Não queiram ir para França, levadas pela ganância,
Desse mal dito l´argent.

Não passes lá o inverno, porque a França é um inferno,
E o frio cresta a pele...
Levadas nessas cantigas, vão as nossas raparigas,
Querem ser Mademoiselles.

Regressa quando puderes,
Olha que as tuas mulheres, cheias de mágoa e pranto...
Passam a vida amarguradas, agarradas à enxada,
Na dura vida do campo.





Manuel Rodrigues de Oliveira Marcelino

"Vida Campestre"

Pela ata madrugada
Canta o galo no poleiro
Inda dorme toda a aldeia
Zurra o asno no palheiro

Começam a pipilar
As aves na capoeira
E solta alegres latidos
A cadela perdigueira

Levanta-se o lavrador
Vai o seu gado rondar
trata do boi do jumento
Para irem trabalhar

Acorda os seus filhinhos
Deixa ficar o mais moço
E chama pela mulher
Que lhe faça o almoço

Prepara as suas alfaias
E as sementes avia
Depois de ter almoçado
Vai para a faina do dia

O pastor muge as ovelhas
E pega no seu cajado
Caminha pelas vertentes
Vai apascentar o gado

Lá vai todo a santo dia
Do rebanho é o arauto
Nos píncaros da montanha
Tocando a sua flauta

Segue com enxada ao ombro
o valente cavador
para ganhar o salário
Rega a terra com suor

E farto de manobrar
Não chega a ganhar pró tacho
Suado como um camelo
Gritando pelo borracho

Serradores seguem aos pares
Em direcção aos pinhais
Um leva a serra afiada
Outro machada e pontais

O abegão com os bois
Vagarosos pela rua
E no campo todo o dia
Agarrado á charrua

Raparigas presenteiras
Formam um rancho amigo
cantando ao desafio
Andam na monda do trigo

Outras seguem prá ribeira
Lá vão a roupa lavar
Levam selhas á cabeça
Outras levam alguidares

E tudo se movimenta
No santo lidar campestre
Quer no tempo invernoso
Quer no estio agreste

trabalho abençoado
Pelo Deus omnipotente
trabalho que dá o pão
Que sustenta toda a gente

Ò valente camponês
Que forte tenacidade
Se parasse o teu labor
Pobre da humanidade

Manuel Rodrigues de Oliveira Marcelino



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